segunda-feira, 24 de maio de 2010

Se tudo está perdido, eu venho oferecer meu coração.

Quem disse que tudo está perdido? Quem disse que queremos salvar a natureza? Não queremos. Queremos nos salvar. Aliás, a natureza não liga para nós. Afinal, quantas espécies já foram extintas? Por quantas eras glaciais já passamos? Quantos derrames de lava já destruíram o que havia na frente? A natureza não se preocupa com você e nem você com ela, não se iluda! Você está querendo salvar-se, só isso. Deixemos de ser hipócritas.
Ontem eu fui almoçar na casa de uma amigo da minha mãe. Aliás eu já falei dele aqui. Ele sempre me faz pensar, mesmo que eu não concorde com uma palavra do que ele diz. Ontem ele falou que tudo estava perdido. Eu não acho. O que falta é sensibilidade. Eu tenho de sobra e ensino como adquirir. Todo mundo sempre reclamou dos meus gostos musicais, mas eu não tenho culpa. Eu sou sinestesica. Pra quem não sabe, sinestesia é uma mistura de sentidos. Então gostar ou não de uma música não depende apenas do minha audição, também do meu paladar. Sertanejo e pagode tem gosto amargo. Eu até gostaria de sertanejo, se não fosse uma bando de topetes loiros com um pandeiro na mão. Sinceramente, eu não gosto de pandeiros, eu gosto de piano. E eu não estou falando que a salvação do mundo está em ouvir Fito Paez e Beirut, não. Queria eu gostar de sertanejo e poder ir no show do Luan Santana com meu namorado sem vomitar. O que falta no mundo é a mistura de sentidos. Ouvir as cores, sentir a música, engolir as palavras. O mundo não está perdido, apenas escondido. Pra quem discorda, eu empresto meu coração, como um documento inalterado, unindo as pontas de todos os sentidos em um mesmo lugar. Se tudo está perdido, eu venho oferecer meu coração.