terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um quarto, um mundo.

A vantagem de ser filho único é não precisar dividir quarto com os irmãos. Mas quando se fala em vantagem, me esqueçam. Eu sou três anos mais velha que a minha irmã e antes de ela nascer não sabia nem o que era quarto (mentira). Existe a vantagem de ter alguém pra conversar antes de dormir, alguém para apagar a luz quando você está longe e para compartilhar seus medos de bicho papão e monstro de baixo da cama. Se bem que essa última parte dos medos não combina muito comigo. Meus medos sempre foram diferentes. Tinha medo de liquidificador, de vassoura e de pessoas que falavam muito. Eu superei o do liquidificador e o de vassoura. O fato é que enquanto a gente é pequeno, o mundo parece grande e em um quarto cabem você, sua irmã e todos os medos juntos. O quarto começa a ficar pequeno quando sua irmã começa a gostar de jogadores de futebol e colar cartazes na parede com aquele loirinho lá sabe? O Lucas, que jogava no Grêmio e agora está na seleção. Eu não gosto de jogadores de futebol. Depois começam a chegar os amigos dela e por aquele tênis em cima do seu edredon branco. As amiguinhas pra brincar de salão de beleza e suas maquiagens já eram. Afinal, são três anos de diferença. E em três anos a vida muda. As crianças (in)felizmente crescem e o mundo gigantesco do seu quarto, fica pequeno. "Mãe, eu quero um quarto só pra mim." Todos precisam de um quarto. Sem fotos de Lucas. E quando isso acontece, você passa a ter um mundo pra decorar, pode deixar os pensamentos livres, dormir só de calcinha, ouvir música, ler de madrugada e bem vinda solidão! Nunca achei que solidão fosse algo ruim. A palavra solidão me soa tão bem. É preciso entender o real significado de algumas palavras. E no caso do quarto, solidão e liberdade se confundem. Seu quarto poder ter só uma cama e um guarda-roupa, mas se você estiver cheio, ele se torna um mundo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Você escolhe filho!

Você nem nasceu e já andam decidindo a tua vida sabia? Deve ser mania de pai, mãe e tias babonas.Eu sempre me perguntei porque era gremista. Não lembro de ter escolhido um time. Só lembro de ter uma caneca do Grêmio e um pedaço de tecido com o símbolo gremista que fiz minha mãe costurar em uma blusa. Se alguém pedia para qual time eu torcia, respondia sem pensar: Grêmio! Mas juro que até hoje não sei porque. Quando morei em Floripa, por dois anos, foi que descobri como é escolher um time. Porque aí eu escolhi torcer pro Avaí. Logo que me mudei pra lá, faziam 30 anos que ele estava na série B do catarinense e era uma situação constrangedora paras os torcedores. Mesmo assim tinha vizinhos que todo o final de semana colocavam o hino, asteavam uma bandeira gigante e tudo aquilo virava uma espécie de reverência. Eu ficava pensando se eles sabiam porque torciam pro Avaí. Eu sabia: me apaixonei pelo time há 30 anos na série B. E hoje quando jogam Grêmio e Avaí eu me divido. Costumo dizer: Tô torcendo pro Grêmio, mas acho que o Avaí vai ganhar. O Grêmio é por influência, coisa de sangue, de família. O Avaí é paixão nova, diferente. O caso é que você já tem uma camiseta do Grêmio Joãozinho, e duvido que teu pai deixe você se apaixonar por um time. Vai ser gremista por influência, por sangue. Mas quero que tu saiba minha opinião: Você escolhe filho! Se escolher Grêmio eu assisto os jogos contigo, te compro camiseta, uniforme oficial, uma chuteira, bola, faço pipoca na hora dos jogos e até te levo pro estádio um dia. Se escolher ser do Inter ou qualquer outro, a hora do jogo vai ser hora de fazer o dever de casa. Nada de camisetas, porque na nossa casa o sangue é azul. Você escolhe filho! :D