quarta-feira, 30 de março de 2011

Um dia desses...

Qualquer dia desses quero me sentar a sombra de uma árvore e repensar minha vida. Mas não aqueles pensamentos de arrependimento, de culpa, de consciência pesada. Eu quero fechar os olhos e ver as pessoas de cima. As vezes é preciso parar tudo e silenciar. Uma vida já é muito complicada, imagine várias. Eu só cuido da minha e sempre me perco, imagine quem cuida de outras. Todo mundo me pergunta: Você não se cansa de correr? Canso. Mas quando canso eu me sento, descanso, repenso. E depois de repensar, nunca mudo de idéia. Depois do descanso continuo correndo. Eu só estou vivendo. Sempre estou em dois lugares ao mesmo tempo. E a alma se suja com tanta poeira, tantas partículas soltas pelo ar. Eu cuido pra não lavar minha alma nos mesmos lugares que os outros. Não adiante lavar a alma num lugar sujo. Não adianta ir pra igreja sem fé. Não adianta caminhar infeliz pela vida. Então é preferível correr feliz. É preferível viajar toda sexta e domingo 7 horas. É preferível ficar sem dormir uma noite por semana. É preferível estudar até tarde pra poder aproveitar o final de semana. É preferível se dividir em mil pedaços pra fazer mil pessoas felizes. É preferível deixar suas coisas de lado pra jantar com os amigos e falar besteira. Por que fazendo alguém feliz, eu me sinto feliz. Os pedacinhos se juntam e eu me sinto inteira novamente. Eu junto todas as felicidades dessa vida, todos os sorrisos, todos os chorinhos de noite, todas as mamadeiras, todos os beijos de "boa noite amor" duas vezes por semana, todas as comidas da mamãe, todas as conversas de amigas e renovo minhas forças pra correr durante mais uma semana. Uma maratona sim. Mas com linha de chegada, com prêmio, medalha e uma certeza: vai valer a pena!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Reflexões sobre o comportamento bbbdiano.

Eu não gosto de assistir bbb. Qual é a de ficar "espiando" a vida alheia? Tenho mais o que fazer. Mas o Bial fala bem a cada eliminação, motivo válido (ou desculpa) para perder tempo. Quatro finalistas agora. Um homossexual, que cuida de velhinhas, uma moça carente que não consegue dizer NÃO a um homem, um médico aparentemente sério e outra moça, digamos, normal. Quem merece ganhar um milhão? Isso me lembra uma redação que tive que escrever nos tempos de cursinho. Dez personagens a bordo de um navio. O Navio iria afundar e você era o capitão. Só cabiam 5 pessoas no barco salva-vidas. Quem você levaria? A prostituta, o padre, o político, a criança, o pai da criança, o idoso, o deficiente, o atleta, o homem de negócios e seu melhor amigo. Quem merece continuar vivendo? Tomar decisões envolve muito mais que reflexão. Envolve um medo profundo de errar, um arrependimento futuro. Ajudar a decidir quem merece um milhão de reais, mesmo que com apenas um voto, é muita responsabilidade. Na verdade, cada um de nós tem um pouco dos quatro finalistas. Quem nunca bebeu e dançou com um coqueiro, cadeira, poste ou outro objeto inanimado? Quem já resistiu aquela pessoa que sonha há anos e tem uma oportunidade? Quem nunca se mostrou sério na frente de alguém importante? Quem nunca foi normal, dormindo cedo para acordar para a aula de manhã? Decidimos o vencedor pela parte que mais gostamos de nós. Eliminamos nossos piores defeitos junto com os participantes. O bbb nada mais é do que vários eus e vocês separados, onde devemos escolher a melhor parte de nós. A nossa melhor parte pode ter nascido com a gente, pode ser pura genética ou pode ser plágio de alguém. Mostramos nossa melhor parte na frente dos amigos, na frente da câmera, no perfil do facebook. Colocamos nossa pior parte no paredão, só a deixamos solta naquele sábado chuvoso, sozinha em casa e com a porta bem fechada. Somos seres compostos. Mas nem sempre deixamos nossa composição a mostra. Só quem nos conhece por inteiro somos nós mesmo. Ninguém consegue se esconder de si mesmo. Vá na frente do espelho e olhe diretamente para seus olhos. Você sabe exatamente quem é. Qual das suas partes merece um prêmio?

quinta-feira, 17 de março de 2011

Viva seu dia como se fosse o primeiro da sua vida.

Sábado passado fui em uma formatura do curso de administração. O orador da turma, lá pelas tantas de seu discurso, começou a falar sobre morte. Não sei se foi pelo fato de dois colegas terem falecido no decorrer do curso ou por querer impressionar quem ouvia. Se fosse eu a oradora falaria em como devemos administrar nossa vida, com todas as paixões, desencontros, felicidades e dores, o maldito equilíbrio que eu não tenho. O fato é que ele leu aquela velha e conhecida frase: ''Viva seu dia como se fosse o último, um dia você acerta.'' Se pensarmos bem nessa frase, ela é meio chocante. Fico imaginando o dia em que ocorrerá o tal acerto. Será em um dia de aula de anatomia? Será que já vou ter tomado banho? Será que vou poder dar um beijo no meu filho? Será que já vou estar velhinha ao lado do meu marido dando pipoca para os pombos? Será que vou estar em uma cama de hospital com infecção generalizada? A morte é bizarra. Você está ali lendo seu livro preferido e de repente acabou. Como assim? Eu não acabei de ler o livro, ainda não viajei pra Europa, não comi ostra crua e não saltei de paraquedas. Acabou, sem mais uma chance. Fiquei pensando no que faria se soubesse o meu último dia. Com certeza não viajaria pra Europa, não terminaria a faculdade, nem leria meu livro preferido. Eu não ía conseguir fazer nada. Ía ficar esperando quietinha, em silêncio, relembrando tudo que vivi. Nem uma loja de doces eu assaltaria. Talvez um beijo nas pessoas que eu amo, mas bem discretamente. Imagine alguém chegar pra você: ''Oi, hoje é meu último dia, vim aqui me despedir.'' Eu prefiro viver os primeiros dias. Aquele frio na barriga de primeira vez, de começo de dia que você nem imagina como vai acabar. Se não der tempo de ler o livro, tudo bem, você está apenas no seu primeiro dia, tem vários pela frente. A viagem pra Europa pode esperar, a faculdade você vai conseguir acabar, sem pressa. Um beijo nas pessoas amadas sem aquela dor de despedida. Eu te amo de primeiro dia, de descoberta, de ''nossa, to apaixonada''. Nada de adeus, nada de viver o último dia.